segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Era uma noite escura de um outono rico em ventanias e tempestades. No castelo, uma calmaria sem precedentes. Nenhum dos nove fantasmas queria se manifestar. Talvez fosse os raios, ou um simples incenso de arruda. Mas hoje, ao menos, eles estavam aquietados. Quem sabe, apaziguados.
Elas estavam sozinhas, apesar de acompanhadas por alguém que não se sabe quem é. Uma vestia uma forte couraça, uma armadura de couro que a defenderia de qualquer espada ou lança. A defenderia de seus movimentos, de sua naturalidade. A manteria protegida dela mesma, de sua honestidade e de sua liberdade. Ah, como é bom ser livre quando nos colocamos amarras... A outra usava um trágico vestido verde esvoaçante. Creio que se achava uma princesa. Afinal, era um castelo, não? Castelos necessitam princesas! O castelo se sente incompleto sem a princesa. Pena que os sentimentos do castelo estivesse tão estagnado pra perceber o frenesi que era capaz de criar na cabeça das moçoilas. E mesmo assim, ele seguia com seus fantasmas apaziguados.
As meninas se buscavam, uma a outra, mas sempre em vão. Como acreditar que uma garota de vestido verde tem capacidade de encontrar aquela que se encobre? E mais, é possivel as fortes amarras do couro romperem-se pela seda? O toque macio da pele é capaz de libertar uma lágrima oprimida?
Elas correram. Subiram escadas. Chegaram na torre. Velas, muitas velas. Nada que uma pisada em fácil não resolvesse. Uma pisada. Apenas uma. Velas. Poderiam ser ovos.
Sobe uma labareda inconsequente. As cortinas mostram-se ao fogo, como uma sedução barata. O fogo resseca a armadura, seus poderes e habilidades caem por terra. Agora ela está desprotegida, e seus temores eram tão sólidos quanto a loucura que se tomou. Sua insegurança não a permitiu retirar-se de suas vestes. La estava ela, entre couros secos, sem poderes, atada por si mesmo, até tombar.
Sobem as chamas, e o vestido de seda ameaça por contorcer-se. Vorazmente ela corre e desce pelo corrimão. Sua euforia ao ver as a fumaça ficando para tras não a possibilitou de ver o final do corrimão. Uma queda mau tombada. Uma cabeça. Alguns degraus. Uma queda.
Eram onze fantasmas que habitavam um velho terreno. Todos temiam a si mesmos.

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Sou uma sortuda, definitivamente. E garanto que minha genética não é uma coisa que me favoreça em nenhum dos que acho significativos traços da minha personalidade.
Essa é uma história real.
Rezam as lendas que uma tia minha, mulher pomposa, sempre se ostentando mais do que poderia _ recordo-me de um cachorro dálmata de cerâmica medindo mais de um metro na casa dela, em meio a odores do velho e antiquado, que certamente se referia também a estrutura que ela aplicava a ela e à família_, que sempre se achou muito superior aos outros. Claro, a noção dela de superioridade era simples, afinal ela subia cada vez mais seu status pessoal conforme pisasse nas cabeças dos reles mortais que a cercavam. E, como na maioria dos casos, pessoas pisoteadas ficam ali, pra seguirem de escada... finalmente passam a ter uma função na vida, não?
Os filhos dela eram sempre os melhores, mais bonitos e mais educados; suas roupas eram as mais bonitas, suas comidas as mais saborosas. Seus cães eram os mais encantadores e educados. A única forma correta de se fazer as coisas era a forma dela. E ela tinha três filhos. Nenhum que tenha nunca me passado de forma a notar a existência, nem por serem tão bonitos, nem tão inteligentes... mas quem sou eu, perante tamanha soberania, pra opinar sobre entes tão ilustres...
Eis que seu primogênito saiu um pouco da rotina. Foi a alguns passeios de colégio, conheceu algumas pessoas, virou um adolescente beirando a normalidade... talvez até demais.
Num de seus deslumbrantes jantares aos membros do Lions Club, sua linda filha vestida como um repolho de cetim, seus filhos engravatado como uma criança anormal que usa as roupas sérias das lojas do Iguatemi. Ela de longo, seu marido num belo smoking que ela deve estar a apagar até hoje.
Eis que seu primogênito resolve mostrar-se. Creio que deva ter sido como debutar em meio a nata da sociedade... imaginem só, Lions Club! Que diabos é ou faz o Lions Club??? Isso não sei, mas com certeza é muito importante. Nem que seja pro Gasparotto!
Pois que nosso herói, tomado de uma artimanha sem precedentes e notando condições propícias, inicialmente, coloca um cocô de borracha sob a mesa, mas num lugar em que os convidados focassem-se caso olhassem. O resultado de tal traquitana foi uma agitação entre minha tia e seus serviçais, para limpar tal adorno de forma a não mostrar o feito de, até então, seu doce e perfeito cãozinho.
Não satisfeito, creio eu, o rapaz não toma nenhuma atitude para não delatar-se. Mas eis que surge a hora do jantar. E o jantar é o grande momento de mostrar suas prendas e educação. Não teve jeito. O moçoilo pôs-se a servir-se de carnes e mais carnes, pegando de quatro a cinco bifes, duas coxas de frango, fora outras iguarias apetitosas que circulavam na mesa. Baixou a cabeça e não conseguia mastigar os nacos que ele colocava, um a um, em sua boca, ora respingando um pouco de gordura, ora tirando as felpas de carne do entredentes com a língua ou alguma sucção. O chacoalhar de líquidos dava o retoque final à cena, que ou era uma ironia das piores, ou o momento mais dantesco para um semi principe mostrar sua verdadeira face.
O mais irônico aos que apreciaram tal cena é que o rapaz agia com uma naturalidade´única, não como se fosse alguma vingancinha para com sua mãe, ou uma vontade exorbitante de chamar a atenção. Mas quando tinha apenas mais um bife na travessa de prata que ornava a mesa, e um convidado foi postar-se a pegar tal naco, ouve-se apenas a até hoje conhecida frase que ilustra muitas ceias da Família Freitas: "Pára que eu posso querer mais!".
E a moral desta linda história é apenas uma, sem tirar nem por: "Será mesmo, realmente, amarelo o sol e azul o céu? Por que não será lilás, vermelho, ou quem sabe seja apenas som?"

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

Hoje o céu estava rosa. Não o rosa habitual, que sempre vejo. Nada daquele rosa alaranjado enfadonho, aquele tom quase salmon. Nada de mesclas. Simplesmente rosa.
Era interessante... o rosa vertendo-se ao pink, o degrade até o roxo, que se mesclava na nuvem de chuva, numa paisagem inquietantemente linda. As vezes ainda tem pessoas capazes de me questionar por que não me mudo desse apartamento doido. Eis o porquê. Aqui, o céu é rosa.
O rosa é muito diferente daquele rosê de sempre. Todos insistem nesse rosê como rosa. Não! Rosê não é rosa, é rosê! E por mais que se insista no rosê, ele nunca chegará aos pés do rosa, do meu rosa.
Que coisa "menina"... rosa... OK, não é aquele rosa bebê, cor de fralda, é um rosa adulto, maduro. Mas rosa, pra não perder o encanto. Muita gente se prende nesses rosas infantis, mas não entendem que o verdadeiro rosa é vil e sarcástico, quase manipulador, e não teme se colocar como uma referencia vazia de outras épocas, pois ele estando ali, ele domina e é capaz até de mudar. Ele mescla-se até o magenta ou o uva, ele tem diversas faces, mas segue sendo só ele, o rosa.
A vilania dessa história está no ser o q é, que parece uma coisa e é ourta, e é camaleonico a ponto de se mostrar de tantas formas que fica escondido. Muitas vezes o rosa não é rosa, mas ele pode romanticamnete atuar sobre você num choque endiabrado de cores. Afinal, meu céu é rosa. Meu céu sempre foi rosa.

quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Novo ano, Não escrevi direito no meu diário ainda, não escrevi nada por aqui. Talvez reavive essa sequencia insólita; acho que a última vez que escrevi nem tinha reforma ortográfica!
Uma série de eventos consagram essa mudança de ano. Ano de eleições, ano de mudanças... conforme o Tarot, ano da fertilidade e da amizade. Mas acho preferível pensar que conforme religiões cristãs, ano que vem é o ano do nascimento do novo salvador (não era o Inri Cristo?), mas uma pena que 2012 o mundo acaba. Ou seja, o novo salvador nasce pra comer um bolo e ver tudo explodir. Realmente um fato importante.
Fico feliz de ter uma grande janela, com vista ampla da cidade. Sabe? Posso chamar umas amigas, fazer umas caipirinhas e comprar um saco de milho. As explosões explodem a pipoca, a caipirinha vai deixar a gente relaxada, rindo e vendo a beleza daquilo tudo. Uma cena agradável, que todo mundo em Porto Alegre já experimenta o evento climático que unirá os povos em breve: o calor infernal, o viver em meio ao fogo. Fico pensando... o Novo Salvador terá uma crise de brotoejas nessa hora? Deus salve o hipoglós.
Acho que não tem mais o que inventar, não tem porque o mundo se seguir... A galera q tem terras na Amazonia pode desmatar, desde que crie gado pra exportação; Calypso finalmente foi superado nas vendas aqui no Brasil, por Wanessa; um presidente negro e uma mulher presidindo um país ja apareceram, mas isso é nada considerando que aqui (olha o umbiguismo!) reelegeram um ex-presidente mega corrupto como senador, afinal, ele tem grana e coordena a mídia num pequeno estado.
É, Senhor Salvador, se tu sobreviver a 2012 o caminho é a política. E sem dúvida, o caminho mais propício a isso é criando um orkut, sendo escalado pro BBB e sendo eliminado por rejeição... ou casando com a Rita Cadillac ou a Gretcheen. Sempre teve umas Marias Madalenas por aí, não?
Eu confio em Sua Supremacia, e no que depender de mim, Seu blog será o com maior número de patrocinadores, e teu WebHit te levará ao programa da Ana Hickman e ganhará o VMB. A fé não remove mais montanhas, mas mexe os dedos num mundo virtual enquanto o real se explode...